terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tia X Professora


Na maioria das escolas as professoras são chamadas de tias. Isso me deixa pensativa e talvez um pouco frustrada.

Antigamente , quando as mães precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar os seus filhos, deixavam com as “tias”, as mulheres que não casaram e que eram babás (remuneradas ou não). O trabalho das tias era meramente relacionado ao cuidado. Dar banho, alimentar e etc.

A profissão de Pedagoga(o) surgiu e o nome tia permaneceu. Pedagogas não são tias, são educadoras, são profissionais. Tias não tinham plano de carreira e nem estudavam; tias não tinham salário e nem formação de educadoras.

Quando digo isso não “diminuo” as escolas e as próprias professoras que se autodenominam tias. Uma escola que se refere a sua professora como tia ou os pais de alunos que façam o mesmo, não quer dizer que a trate como tal. Por esse motivo que fico pensativa: Se as escolas tratam suas professoras como profissionais, porque chamá-las de tias? Se eu sou uma profissional da educação porque ensinar para as crianças que sou tia e não professora?

Há quem diga que o nome “professora” não é tão carinhoso e que isso pode afastar as crianças da confiança que eles tem nela. Ou, que “professora” é mais difícil de falar do que “tia”, ou ainda que não é legal dizer para as crianças: “eu não sou sua tia, eu sou sua professora”.

Sobre as duas primeiras afirmações eu não vou nem comentar, porque é de uma bobagem sem fim. Já a terceira, é aceitável. Realmente, não vamos brigar com as crianças porque elas nos chamaram de tia, não tem lógica isso. Mas se pensarmos direitinho veremos que elas só nos chamam de tia porque no primeiro dia de aula dizemos: “Eu sou tia Mariana”. Se dissermos que somos professoras, as crianças não vão imaginar que devem nos chamar de tia, né? E para aquelas que já estão acostumadas com o nome é fácil ensinar que o nome certo é professora.  Eu, sinceramente, não acho que isso vai causar um trauma irreparável na criança ou que vai afastá-la de você.

Eu, assim como a maioria das professoras, acho carinhoso ser chamada de tia e não fico ofendida (desde que eu seja tratada como professora) com isso. Apenas penso que não há necessidade de resgatarmos esse trabalho antigo das mulheres que “ficaram pra titia” e colocarmos no cotidiano da nossa sala de aula. Além do mais, acho super carinhoso ser chamada de professora também. Qual o problema com essa palavra?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Brincando na escola



Eu costumo ouvir mães e pais preocupados porque o seu filho de 4 anos, por exemplo, não tem tarefas para casa – “Quando tem é coisa de pintar, cobrir... só besteira”.

Acho engraçado como as pessoas sempre relacionam educação a números, letras, suplício e cara feia (se o filho está se divertindo muito na escola, sinal que está aprendendo pouco). Desde quando diversão e brincadeira se tornou o aposto de aprendizado? Me preocupa saber disso.

Na brincadeira as crianças vivem o seu mundo de faz-de-conta, se relacionam com outras crianças, criam hipóteses, situações, ganham, perdem, convivem com as regras, se divertem, aprendem! A educação que põe como foco as letras, os números e as tarefas de casa para crianças até os 5 anos de idade estão correndo o risco, inclusive, de formar maus leitores. (chegamos em um outro ponto)

É comum ver crianças que lêem (decodificam) as palavras, mas que não conseguem compreender o que foi lido, ou não sabem escrever com as próprias palavras determinada necessidade ou sentimento.
Tudo isso porque ensinamos as letras antes de ensinar as crianças para que elas servem e de que maneira podemos usá-las. Tudo isso porque deixamos de lado a literatura infantil e a brincadeira para fazer os alunos decorarem a ordem alfabética o mais cedo possível. É extremamente necessário estimularmos as crianças para o gosto da narrativa, da imaginação (sim, a imaginação tem de ser exercitada) e para o aprendizado “sem dor”.

Quando brincam, ouvem músicas e histórias, as crianças vivem novas experiências e compreendem o motivo de aprenderem letras e números. Tudo ocorre naturalmente, sem exageros e adiantamentos desnecessários. Além disso, tudo pode ser ensinado de forma lúdica e divertida. Claro que as crianças podem (e devem) aprender brincando.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Cuidar e educar na educação infantil



É comum ouvir até de educadoras infantis que cuidar e educar são coisas diferentes. Não são! Cuidar e educar são atos ligados, e uma prática depende exclusivamente da outra. Não podemos educar sem cuidar e nem cuidar sem educar. 

Há quem pense também que “educar” é para as professoras titulares e o ato de “cuidar” (dar banho, trocar fralda, limpar) de auxiliares e estagiárias. Devo dizer que isso não existe ou, pelo menos, não deveria existir. Professoras completas cuidam e educam, porque sabem que essa prática é indissociável. No ato de dar banho, também existe educação, e no ato de alfabetizar ou qualquer outro, também existe o cuidado.
A professora e a auxiliar devem revezar no comando das diversas atividades. Se a turma está fazendo uma atividade com tinta, por exemplo, a auxiliar pode estar organizando a mesa, vendo se os pinceis estão limpos e outras funções mais relacionadas ao cuidado, enquanto a professora explica como será a atividade e como as crianças devem fazê-la, no entanto, num próximo momento, é hora de ser o inverso: a auxiliar fica com a função mais educativa e a professora com o cuidado. Primeiro porque as auxiliares são normalmente estudantes e devem aprender não apenas a dar banho e trocar fralda, mas a conduzir uma aula. E segundo porque funções mais relacionadas ao cuidado não são “menores”, são parte da educação das crianças pequenas. Elas estão na escola, mas ainda são muito dependentes do cuidado de um adulto.   

E você é esse adulto, não?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

10 passos antes de escolher uma escola


Final do ano chegando e muitos pais já estão pensando se devem ou não manter o filho(a) na mesma escola. Essa é sempre uma tarefa difícil, difícil porque queremos que tenha um ensino de qualidade e queremos sentir segurança no local onde estamos deixando nossos filhos, certo? Por isso, a melhor saída é QUESTIONAR!

1 Pense se você prioriza a formação religiosa dentro da escola. Se sim, já se elimina uma série de outras escolas.

2 Defina se você prefere o seu filho numa escola grande, que tem alunos de séries mais avançadas ou se prefere uma escola menor e mais aconchegante (eu sinceramente não vejo diferença entre ser maior ou menor).

3 Veja o quanto você pode pagar pela escola do seu filho, claro.

4 Converse com mães que tem filhos estudando em outra escola, assim você pode sondar algumas coisas sobre ela antes da visita ou então descartá-la de vez.

5 Faça a lista das escolas que quer visitar e possíveis perguntas.

6 Questione sobre a “filosofia” da escola e tenha certeza de que a pessoa que esta conversando com você tenha domínio sobre o que fala. 

7 Peça para ver o PPP (Projeto Político Pedagógico). Se a escola disser que não tem ou que estão formulando, descarte!

8 Se o seu filho for um pixototinho, pergunte sobre a rotina da escola para a série dele. Se ele tiver até 5 anos e não houver horário para brincadeira livre, fique duvidosa. E procure saber também se a escola destina horário para contação de história e música.

9 Conheça as instalações da escola, se as salas são ventiladas, se as cadeiras e mesas são para crianças pequenas (caso seu filho seja pequeno), se possui área verde, parque, biblioteca/cantinho da leitura e área coberta. Além disso, verifique as opções de esporte e a formação das professoras e auxiliares. 

10 Mesmo AMANDO a primeira escola que visitou, não deixe de conhecer as outras listadas. É sempre bom fazer uma pesquisa, afinal de contas, a escola do seu pixototinho é coisa séria.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A moda agora é ser bilíngue!

É fato que o inglês é importante e necessário. Eu poderia dizer que conheço hoje 3 tipos de escolas bilíngües aqui em Natal. Aquelas que ensinam apenas utilizando a língua inglesa, as que ensinam em português e depois a mesma aula em inglês e as que ensinam a própria língua inglesa, porém todos os dias. Explico.

Só inglês: Nessas escolas as crianças não vão escutar suas professoras falando em português. Todas as aulas serão em inglês. Se as crianças fizerem uma pergunta em português, as professoras responderão em inglês, caso a criança não entenda, serão feitas mímicas ou coisa parecida, como se as crianças realmente estivessem em outro país. Eu não acho que isso cause algum trauma nas crianças, sabe? Elas devem levar com naturalidade, pois são muito espertas e aprendem rápido. O que me preocupa é a nossa cultura sendo deixada de lado. Não sei se eu gostaria que o meu filho não ouvisse músicas em português na sua escola e que não conhecesse a nossa cultura tal qual ela é. Inglês elas aprendem, mas ainda tenho um pé atrás com esse tipo de escola. 

Português e Inglês: Estão surgindo, timidamente, escolas que para não deixarem de lado a nossa bela língua portuguesa, criaram o método de ensinarem as coisas 2 vezes. Ou seja, determinada aula é dada uma vez em português e depois em inglês. Não conheço pesquisas que tratem desse tema, mas, aos poucos, venho me acostumando com a idéia. Os alunos não tem prejuízo da língua nativa e aprendem com naturalidade uma segunda língua. Na teoria parece interessante, não? 

Inglês como antigamente: Neste outro tipo de escola o inglês é tratado como “disciplina”, a grande diferença é a carga horária. Há alguns anos a língua inglesa vem ganhado espaço no currículo escolar até que, em algumas escolas, já é visto diariamente pelas crianças. Apesar de não ser ensinado “naturalmente” e sim como “o momento para se estudar a língua inglesa” acredito que possa dar certo, que as crianças consigam aprender e que haja uma continuação desse aprendizado ao longo dos anos. (Na minha época, estudávamos o mesmo conteúdo ao longo das séries). 

Se essa moda pega seria o fim dos cursinhos de inglês? Tomara que sim, pois em milhões de outros países inglês é coisa que se aprende na escola. Estaríamos atrasados?